
Tá, bora. Outro diário. Só que diferente, um pouco. Não vejo como expor rabiscos online pode me ajudar mais — não que os cadernos cheios de poeira tenham ajudado alguma coisa. Mas é o exercício da semana, e já tô atrasado.
Logo tem outra sessão, e preciso mostrar algo pro Fernando. De cara, adianto que, ainda que meu nome seja real — afinal, isso tá publicado no meu site — todos os outros foram alterados. Não quero complicações legais nem mais chateação do que já tenho.
De qualquer forma, a ideia do "novo exercício terapêutico", ou sei lá o que, é escrever todos os dias (di-á-rio!). Como eu já disse (ou escrevi) antes, não sei pra quê, mas, ei, o Fernando é o profissional. A “nova” ideia é velha: escrever sobre sentimentos, meu dia e blá blá blá — mas ainda acho que não tenho tantos sentimentos assim, tirando tédio e as ondas de frustração por conta de... bom, de tudo.
“Escrever ajuda a processar”. Cansei de tentar me convencer disso. Escrevo mais pela obsessão de ver algo surgindo do nada do que para tentar processar qualquer coisa. Pode até ser que eu tenha algo a processar (não muito), mas a questão é outra. Não sinto que escrever ajuda; acho até que piora. Se fosse tão útil, eu não tava aqui, gastando uma fortuna (que não tenho) em terapia.
Eu nunca me vi como Escritor, assim, com E maiúsculo; sou um rabiscador (existe isso?). Qualquer um que sonha em ser Escritor tá caçando frustração - no Brasil, então... Ridículo. Mas vou dar uma chance ao tal diário online; por que não? Vai que faz diferença.
Agora, nada de comentários, nada de interações, não nesta seção do site. Meu desprezo de longa data por redes sociais não é trivial. Já sofri demais por conta de pitacos alheios. Além disso, estes registros não terão nada de especial, nem de curioso ou secreto. Na real, prevejo menos visualizações por aqui do que nos meus surtos de escritor (e tradutor) já publicados no site.
Enfim, pra não ficar só em lamúria, pensei em rabiscar algo sobre crise ambiental. Mas daí fui me inteirar das notícias; enchentes no Sul, tornados nos EUA, apagões no México por causa do calor: é gatilho demais pro momento. E ainda reforça minha desconfiança: diante de tanta tragédia, isso de diário online não passa de futilidade!
Escrever não tá me fazendo sentir melhor nem mais confortável. Não agora. Vou continuar pelo menos até a próxima sessão do Fernando. Duvido que ele chegue a ler essas bobagens. Desafio… Taí, vou tentar todos os dias, só pra testar a teoria. Sem promessas. Nada de compromissos inflexíveis, não aqui. Pra minha surpresa, o site tem sido uma boa fuga da realidade.
Vai saber até quando.
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